domingo, 10 de junho de 2012

Um pouco sobre Lygia Bojunga

Escritora brasileira, escreveu inicialmente os seus livros sob o nome Lygia Bojunga Nunes. 
Nasceu em Pelotas no dia 26 de agosto de 1932 e cresceu numa fazenda.
 Aos oito anos de idade foi para o Rio de Janeiro onde em 1951 se tornou atriz numa 
companhia de teatro que viajava pelo interior do Brasil. A predominância do analfabetismo 
que presenciou nessas viagens levou-a a fundar uma escola para crianças pobres do interior, 
que dirigiu durante cinco anos. Trabalhou durante muito tempo para o rádio e a televisão,
 antes de debutar como escritora de livros infantis em 1972.

Obras de Lygia Bojunga



Os colegas1972
Angélica1975
A bolsa amarela1976
A casa da madrinha1978
Corda bamba1979
O sofá estampado1980
Tchau1984
O meu amigo pintor1987
Nós três1987
Livro, um encontro1988
Fazendo Ana Paz1991
Paisagem1992
6 vezes Lucas1995
O abraço1995
Feito à mão1996
A cama1999
O Rio e eu1999
Retratos de Carolina2002
Aula de inglês2006
Sapato de salto2006
Dos vinte 12007
Querida2009

Lygia Bojunga


LIVRO - a troca 


Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros
me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé,
fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado,
encostava num outro e fazia telhado.
E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar
de morar em livro.
De casa em casa eu fui descobrindo o mundo
(de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos;
depois, decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais
 íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de
consertar o telhado ou de construir novas casas.
Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava
a minha imaginação.
Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia;
e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar
 no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu,
era só escolher e pronto, o livro me dava.
Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa
 troca tão gostosa que – no meu jeito de ver as coisas –
é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro,
 mais ele me dava.
Mas, como a gente tem mania de sempre querer mais,
 eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar
tijolo pra – em algum lugar – uma criança juntar com outros,
 e levantar a casa onde ela vai morar.
(Mensagem de Lygia Bojunga para o Dia Internacional do
Livro Infantil e Juvenil, traduzida e divulgada nos 64 países membros do IBBY).

domingo, 3 de junho de 2012

Poeminhas Cinéticos

Poema de Millôr Fernandes.


Podemos utilizar como estímulo o poema abaixo para iniciarmos a criação de Poemas Concretos.

Era um homem bem vestido
Foi beber no botequim
Bebeu muito, bebeu tanto
Que
       s
aiu
              d
e
                     l
á
                              a
ssim.
As casas passavam em volta
Numa procissão sem fim
As coisas todas rodando

O moço entra apressado
Para ver a namorada
E é da seguinte forma
                           escada.
                       a
              sobe
        ele
Que
Mas lá em cima está o pai
Da pequena que ele adora
E por isso pela escada

             ele
                   
                              embora.



Ou:

Então, gostou das ideias? 

Mãos à obra!

Poema Concreto

Podemos iniciar um Poema Concreto com a criação de desenhos feitos a partir do sentido das palavras, fazendo relações entre significado e significante.

Observe o exemplo e deixe a imaginação fluir.


Cantiga para não morrer

Quando você for embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Ferreira Gullar