Entre Atenas e a planície da Ática, havia um certo comerciante que abastecia os aldeões de sal, peixe e outros produtos, trocando-os por lã, óleos e queijos. Utilizava dois burros para transportar a mercadoria de um lado para outro. Os pobres animais viajavam sempre muitos carregados e, como se isso não bastasse, tinham de percorrer atalhos pedregosos, subir e descer por caminhos difíciese atravessar rios a nado, já que, naquela época, quase não existiam pontes.
Certa vez, a pequena caravana atravessava um rio, quando o mais velho dos burros escorregou numa pedra coberta de musgo, perdeu o equilíbrio e caiu na parte mais fundada água.
O mercador correu imediatamente em seu socorro e começou a puxá-lo pela rédea. Apesar dos seus esforços, custou a colocá-lo de pé outra vez. E constatou um fato surpreendente: sua carga estava reduzida à metade do que era antes!
É que o velho burro transportava sacos de sal - que se dissolveu, naquele mergulho inesperado.
E seguiram seu caminho...
Algumas horas depois, chegaram a outro riacho. O jovem burro, que até então suportara o cansaço com paciência, sentiu que não podia mais com tanto peso e, vendo seu companheiro leve e fresco,teve uma ideia, que lhe pareceu maravilhosa:
_ E se eu fingisse escorregar? _ pensou ele. _ Meu ono não vai desconfiar que foi de propósito, e eu me livrarei de uma parte desse peso!
Quando chegaram bem ao meio do riacho, o burro parou um instante, vacilou, tropeçou e caiu como uma pedra na água.
Aconteceu exatamente como ao outro burro: seu dono veio em seu socorro, puxando-o pela rédea, mas ele fincou os cascos no fundo, fazendo resistência, por qachar que estava muito pouco tempo na água...
fFoi então que ele percebeu uma coisa estranha: swentia-se cada vez mais pesado, e o fardo parecia ter um peso insuportável, puxando-o para baixo, cada vez mais para o fundo...
E o jovem burro morreu afogado, por não saber que a sua carga era de peixe e esponja, e não de sal, como a do amigo.
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